Eu carrego a tragédia de ser um homem
só, andando pela cidade nua do sol.
Eu carrego as perguntas pra perguntar
a mim mesmo, o que fazer se já não há
tempo bom que faça passar a tempestade
de areia sobre o olhar imobilizado
das garotas da esquina da rua 23.
Os guardas parados olhando de lado
e os ajudantes recolhendo os camelôs
preço assecível, mercadoria de ponta
clonada e transportada através das classes
sociais, as cadeiras balançam e os velhos
transitam ao redor de outros sentados
em volta de uma mesa circular estão
sem ouvidos e sem dentes pra poder
sonhar já não esperam mais sonhar mais
que alguém para se refletir o sorriso falso
debaixo do bigode esbranquiçado como
o céu e o tempo que traz sua tragédia
Shakespeariana rotina de vinganças e
degradação sombria compondo as centenas
de perguntas que carrego para fazer a mim mesmo.
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