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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Bruna

Teu nome rima com bruma
mas você não se dispersa
Não disfarça nem se nega o que É.
Você, primeiro rosto sorridente,
Na multidão de estranhos,
Eternizada !
Se a simpatia tivesse que ter outro nome
Já o teria, por você se chamaria
Como há quem se nomeie bondade.
Você já foi uma flor,
De beleza alva e pura no meio do cinza.
Os espinhos te feriram,
Mas você não sangra, És um anjo;
Não dormitas, És um sonho.
Também te chamo perfeição.
O chão coberto de flores,
Pétalas de diversas cores,
Verdes árvores do encantado bosque.
Há quem discurse, quem chore
Que beije tuas mãos ou te ofereça palavras;
Há quem te admire torpor e silêncio,
Temendo tua beleza agressiva;
Tua doçura antes nunca oferecida,
No singular sorriso de teu rosto de menina.
Teu nome que não se dispersa,
Rima com bruma, eterna,
Singéla e lívia florzinha.

E.

Tua insinuação me perde todos os dias
Terças, Quartas, Sábados e Domingos.
Estou envergonhado diante de Deus
E meus olhos desligados do seu altar.
Sou um pecador com minhas penitências;
Não procuro mais a santidade.
Teus olhos me devoram por onde ando;
Onde estou agora que abro os olhos ?
Passeando por teu corpo, por teu sorriso perfeito,
E por teus pés de santa virgem.
Estou aos teus pés, enciumado e profano;
Em teus lábios, ah, que brilho !
Devem ser doces, daqui os sinto.
Teu cheiro, teus seios tão inocentes,
Não para mim que os cobiço assim;
Noite e dia, noites e noites voam,
Eu, andarilho por minhas purgações
Já não tenho pena de mim mesmo,
Já não ligo se ainda possuo alma,
Desejo apenas o céu dos teus amores.

Sheila

Pequena rosa-flor de fino trato
Prendeu-me teu belo silêncio;
Os olhos tímidos em rosto rosado.

Sempre tiveste uma beleza eloquênte
No teu rosto de menina.
Criança para o mundo inteiro
Pequena criança minha.

Teus cachos cheios e ruívos
Sempre serão as curvas do meu suspiro
Seio contínuo que me ampara
Eu que sempre estive perdido.

Por ti construí pontes nas nuvens
Uma dezena de versos largos
E de desejos contraídos.

Idos os dias você seria
O amor de minha toda vida
Minhas lágrimas bem contidas
E o meu sangue, rosa, que corria.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Encontro

Vejo teus olhos orientais e tão próximos
Os lábios se comprimem contra a hóstia
E teu corpo esguio se dissolve na paisagem.

Vejo-te dançar por entre o esfumaçar dos cigarros
E na mobília composta de mais e mais livros.
Amo-te sem nunca ter te tocado.

Este é um amor, quiséra eu de corpo,
Mas simples e sôfregamente de alma;
Idolatro tua beleza supra-física,
Teus ombros de fina curvatura,
Os estreitos quadrís de uma menina.

Eu permaneço na porta, me observas ?
Muito mais, penetras essa minha alma já ida
Triste e feliz, infeliz, mais triste e mais feliz.
E teus olhos, o oriente próximo dos lábios:
Ah ! Beijar-te ! Passou e não posso possuir-te !

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Que complexo é viver

Que complexo é viver
Em sonhos luminosos
Negras decepções
Insondáveis tormentos
Tormentos mutuos
Entre eu e meus amores.
Corridos como a velocidade
Dos nossos móveis-autos
Nossos retratos digitais
Nosso mal eletrônico
Um diabo com botões.
Desespero quase perdido
Pelo desperdício de luzes
Coisas de amanhã por hoje.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

perfume do amanhecer

(para Bruna com carinho)


Era uma vez, numa terra de luzes e brisas.
Os habitantes de azul se moviam entre o cinza feroz das máquinas e um céu branco de tinta com suas luzes artificiais.
Alguns se fadigavam da rotina, outros pareciam nem ter vida.
Num lugar povoado de sombras, nos confins dessa terra distante, havia uma florzinha.
Era cheirosa, alva e tão docinha.
Lá no recanto das sombras, havia muitas outras flores, árvores e cores; mas as vezes a florzinha branca se sentia tão sozinha.
Todas as manhãs, um pequeno pássaro, zunindo suas azinhas, tocava docemente sua música: bom dia bela florzinha!
A florzinha sempre sorria e seu sorriso a tornava ainda mais bela.
Mas as vezes, por detrás daquele sorriso, o beija-flor via a tristeza.
Certa manhã, por seus voos matutinos, o beija-flor não viu seu sorriso e perguntou:
_Singela florzinha, porque você está tão triste?
A florzinha, de lágrimas lavada, disse ao beija-flor:
_Beija-flor, eu me sinto tão sozinha - exclamou.
_Não se sinta assim florzinha - continuou o beija-flor -, entre todas as belezas desse bosque, você é meu único amor.
_Por isso você diz coisas, alegres e divertidas; sábias e descabidas - perguntou então a florzinha.
_Sim meiga e pura florzinha - prosseguiu o beija-flor - sem seu sorriso não existe vida; pois você é a vida das flores coloridas!
Era uma vez numa terra distinta, o Beija-flor e sua Florzinha.As mãos, os olhos, o cheiro da manhã; o sorriso de todos os dias.

"Se a florzinha murcha, morre também o beija-flor"

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Um Cristo

Na parede a fotografia
Que contradizia meu saber
E sei que devia ser mais simples
Muito além do enigmático.
E...sei,
Que nem tudo é "verdade histórica"
Mas...poderia tudo ser mentira ?
As vestes suntuosas mostram
Ao mundo o que nunca foi
E estes olhos azuis,
De quem são ?

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Questão proposta

O Sistema nos acusa de ceder à violência
Mas nós acusamos a violência do Sistema
E a paz dos nossos que se calam
É nossa maior e mais sofrida violência;
Mas aos nossos olhos utopistas, tudo seria
O céu azul de sempre sonhado
As noites amenas com música serena.

Era o que eu fazia,
Ouvia a música enquanto sonhava
Carregava as nuvens e o mundo
Como um Atlas sem fadiga
Com um simples contentamento
(uma simples alegria)
De ser o um deus entre as desgraças ou a dor
Que em demasia aflige aos mortais.
Não,Não, não aceitamos o mundo!

O Que seria da cultura
Se dor não houvesse
Ou a necessidade de super-ação

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Revolução

Companheiros
Valores temos
Temos complexos
Lutamos
Lutaremos
Pelo que sempre foi meu.

Camarada
Primeiro
A força do mundo
Em nossos joelhos.

Juntamos os olhos
Os ossos
Trazemos
Junto 9 (ao nosso fardo)
De escravidão.

Temos força
Homens !
Temos o chão que chamamos
Terra !
Companheiros !
Companheiros !
A hora é essa !

James Joyce

Sou irlandês
Por isso existe o ódio irlandês
Por isso amo a Irlanda
Por isso tenho tanto orgulho.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Vênus

Com tantos abismos que seguem outros
Tua nudez era mais um entre tantos

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Relativismo

Procurava verdades
Devorava jornais
E as letras sem me saciar.
Procurava verdades
No céu nublado
Na lua cheia
Na velocidade da luz.
Procurava verdades
Em cada segmento da vida,
Nas rochas sedimentadas.
Procurava e tinha medo.
Procurava o tempo
Reduzia o sono
Esquecia o dinheiro:
Na padaria
Na livraria.
As bases da Sabedoria:
O pão da vida
O alimento da alma.
Pão.Livros.Espírito;
E procurava verdades
Nunca a encontrei.
Esteve sempre comigo
A verdade que eu procurava,
Estava comigo
Mas eu sempre tive medo.

Sulamita

(para alguém cujo corpo
desejado me é proibido)


Teu corpo baila majestoso diante dos meus olhos
Fazendo minha alma escorregar para a perdição
Pois meu coração está manchado com o pecado
Por você tão levemente destilado.

E como sofro por esse amor tão letal e proibido!
Esses teus olhares lânguidos possuem tudo
Menos a piedade por esse pobre perdido.

Por que me atormentas ?
Se teu corpo que enche meus olhos
É velado como o profundo segredo da eternidade ?

Mas te amarei,
Mesmo sem poder jamais te tocar,
Pois trazes essa carga de vida para o meu peito
Essa paixão doentia por mim já quase esquecida!

Terei sempre contigo essa dívida de desejo,
De desespero, de insônia e desassossego;
Pois tua voz é doce como as correntes de um riacho
que me rouba a razão deixando apenas saudade
A impossibilidade da tua ingênua mas poderosa paixão.

Perco-me irracivelmente,sem querer ser encontrado!

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

O motivo e arte

O poeta não pergunta porque escrever ou qual o sentido da sua arte antes de "escrever". A poesia não pergunta por motivos; é ela o próprio motivo. A poesia pergunta pelo poeta, "onde está você ?". Participei de oficina de poesia, mas não se pode ser "o macânico de poesia". Só se pode ser poeta naturalmente. Nessa tal oficina, o instrutor reagiu quando eu disse que "jamais existiria outro Drummond" . Anoto na minha integra sua réplica: "Ora, talvez você possa ser maior que ele, um dia alguém pode reconhecer o valor da sua poesia." Permitam- me dizer que morrerei a discordar desse nefasto comentário, porque ele mesmo (meu interlocutor), poeta mediocre, se é que o possa chamar de .....,jamais será capaz de julgar os méritos de uma obra de tal grandiosidade como a de Drummond. Certa vez quando destruí grande quantidade de meus poemas inéditos (e eles ficarão eternamente inéditos), minha sábia professora disse: "não faça isso, esses poemas são parte de você!). Ah ! Isso sim é uma verdade profunda. Ela não disse, "não faça isso; esses poemas são muito bons" e não disse pior assim: "não faça isso, pois você pode ser reconhecido no futuro como sendo melhor que Drummond." Seria essa uma heresia digna de fogueira.
Não sou como o naturalmente-poeta-admirável Neruda, Não possuo a dramaticidade de Garcia Lorca nem a modernidade quase incompreensível de T.S Eliot e não conheci (ainda!) Ezra Pound. Talvez eu esteja com minha religiosidade devastadora em versos livres, entre Blake e Rimbaud. Talvez, e apenas talvez, eu esteja entre eles, sendo apenas eu mesmo, um poeta mediocre escrevendo para ninguém.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

amore est

Nariz estranho
Estranha boca.
Como andava a estranha,
Era manca.
Mas havia uma estranha beleza
Naquela estranheza.

"Eu tenho um sonho"

Martin Luther King


As mãos calejadas olham desprezáveis
Vão aos olhos com toda poeira
Filtrando os raios do sol;
Sol da Justiça que É mera força
Da nossa expressão abatida.
Assim diria Nietzsche.

Tua alma ?
Quem a perdeu ?
Quem a encontrou ?
Quem a chorou ?

Nos levantamos com a força esvaindo
Mas eu guardo o sonho
Em meus peito negro e árido
O sonho de miríades
O sonho do libertário.

Á Pablo Neruda

As montanhas de Neruda
Seus pássaros, sons, cheiros
Cada erva de tempero;
Seu louvor pela culinária
E também a louvou amável.

Entusiástico com suas alturas
Pátria, alpes, a praia, córregos
Mundo particular de pequenos
Pequenas, ladrões, pequenas causas.
Humano demais para os Seus
Pobres, mundos, exílios.
Provinciano talvez, porque sempre
Mesmo distante, milhas sobre o mar
Longíncuo céu de estrelas.
Uma Itália, um carteiro ?
Guardava sonhando, no coração
Bom, o Chile, Chile amado

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Um buraco no mundo

Qual o sonho de um homem em um buraco aberto
Violentando a natureza urbana por falta de trabalho, ou mãos, ou motivos ?
Qual o objetivo dessa aquisição que passa, todos os dias por minhas brancas mãos ?
Sim, branca de morte, dessa morte que se alastra
Com as crianças de felicidade inocente, de pés
Descalsos, de asfalto quebrado, pelo meio, de paralelepipedos,
Malhados como jogo da velha, da velha viéla
De tantos anos como eu e meus pais de todos, cansados
Desses submundos de casas amontoadas de alvenaria torta e beleza sórdida.
Um buraco imundo
Para cada homem imundo
De salário imundo
Em um país imundo.
Subterfúgios figurados na ignorância.
E como sempre !
A culpa...
É do povo.

A lama cinzenta dos caminhos do mundo

A lama cinzenta dos caminhos do mundo

Valiosa etnia do mundo;

E nos perguntamos

Na contemplação de cada paisagem

Que não se repete:

O condutor en-Deusado das leis

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

minha poesia

Escrevo sobre um mundo,as vezes imaginário,as vezes realista em demasia; sobre o mundo dos sentimentos,dos não sentimentos; das palavras que não tem nenhum sentido aparente para aqueles que as lerão (as palavras).Mas isso é parte de mim.É algo que não posso mais renegar,apesar de já ter renegado no passado.Se "meus manuscritos ardem", como disse Bulgakov, eu também arderei com eles.Para começar,deixarei um poema curto mas significativo. Para que vocês me amem ou me odeiem.

Quase desfigurei minhas mãos
Tocando o fogo sagrado dos teus seios.