Gostosinha como só a mulher alheia consegue ser
A garota desliza com seus quadris em volta
Dos livros novinhos de cheiros diferentes como um jardim
Sob o luar do inicio da primavera.
As luzes artificiais parecem perfeitas
Como perfeitas as flores como perfeita a lua
Como perfeita a noite com a lua
Perfeito espelho a refletir-te perfeita mulher
Tão gostosinha ao redor dos livros
Como só a mulher alheia tem que ser
Vejo-te de um relance quase perdido
[ caso continuasse a ler.
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domingo, 20 de março de 2011
SOBRE MUDANÇA
Decidi e essa é – nem tanto a palavra – ; mas a atitude que dá ou procura um novo sentido para a vida, como se a vida dela carecesse para se metamorfosear. Tenho novas borboletas! Decidi aprender francês, interesse que já me levara a começar um curso a tempos atrás e interrompe-lo por motivo que não foi a falta de vontade. Decidi aprender a preparar um prato novo. Uma sugestão: não sei “fazer” o “um” feijão e isso não quer dizer que eu via fazer feijão. Apesar de eu já ter me gabado de um simples arroz, do macarrão alho e óleo com alguns ingredientes a mais e de um strogonoff simples, mas realmente delicioso e de ter deixado algumas senhoritas com água na boca; não sou cozinheiro. Ah, já ia me esquecendo! Também faço uma omelete com mussarela – e bem sei que não é assim que se escreve – que realmente é muito boa. A mudança já está aqui, mas de modo ainda muito incipiente. A ‘decisão’ de decidir mudar já foi tomada. Espero sinceramente que ela adquira força cada vez mais crescente e atinja magnitudes nunca alcançadas por minha vontade que sempre fraquejou em meio aos obstáculos e as inúmeras frustrações. Quero dizer, ou melhor, esclarecer que tal semente de casualidade a produzir tais frutos foi implantada de modo sincero e apaixonante por uma mulher, radiante como o por do sol no coliseu de Roma ou as luzes que convidam à noite sob a gigantesca torre Eiffel. O paraíso está logo adiante, mas acredito que seja necessário passar pelo inferno e pelo purgatório do cotidiano amadurecer com suas arrasadoras correntes mornas.
FIM DE NOITE
No término do dia que se chama hoje
Em que a noite transparecia ao vento frio
Olho para o espelho das prateleiras
Que refletem uma porção da minha alma
No ar que respiro, nos sons que me invadem
Imersos nos encartes compact disc.
[Fui a livraria] e em meio a multidão
que fluía hipnotizada, apenas um rosto eu via
O rosto daquela doce lembrança, escarafunchado
Em minhas partes intimas e secretas, repleta
Da minha excitação que caminha
Sobre o tapete quadriculado do jogo cruel.
Sim, hoje fui a livraria e seu rosto era.
O único que eu via no meu mar de solidão.
Em que a noite transparecia ao vento frio
Olho para o espelho das prateleiras
Que refletem uma porção da minha alma
No ar que respiro, nos sons que me invadem
Imersos nos encartes compact disc.
[Fui a livraria] e em meio a multidão
que fluía hipnotizada, apenas um rosto eu via
O rosto daquela doce lembrança, escarafunchado
Em minhas partes intimas e secretas, repleta
Da minha excitação que caminha
Sobre o tapete quadriculado do jogo cruel.
Sim, hoje fui a livraria e seu rosto era.
O único que eu via no meu mar de solidão.
sexta-feira, 18 de março de 2011
DESCONFORTO
Não sei se você já se sentiu assim, mas hoje – como é até comum – não estou cansado dos outros. Estou, ou sinto-me cansado de mim mesmo. Alguma coisa aqui dentro, talvez minha alma ou uma coisa que se chama coração esteja clamando desesperadamente por silêncio e talvez esse seja o modos operandi mais improvável para se alcançar silêncio. Ao dormir eu planejei como acordar. Acionei o dispositivo eletrônico de um celular que não é meu, coloquei o pijama recém lavado e ainda com uma fragrância suave de amaciante e por fim recostei a cabeça no travesseiro desconfortável comprado numa liquidação. Se quer ouvi o despertador com sua sonoridade irritante escolhida propositalmente para evitar a vontade de ignorá-lo e continuar dormindo. Sinto-me como Zeus quando Prometeu lhe roubou o fogo do conhecimento divino. Esqueçam. Talvez a figura seja entendida melhor de modo inverso; dessa forma, me sinto como Prometeu ao ser punido por roubar o fogo de Zeus. Sofro e é por causa do fogo, seja em qual ordem for e isso torna o sono uma pequena tormenta, uma batalha desesperada do inconsciente para compor um retrato com milhares de fragmentos.
segunda-feira, 14 de março de 2011
CIRCUNSTANCIAL
Hoje, presenciei uma injustiça sendo cometida. Não! Muito mais que uma injustiça, utilizando a maçante linguagem jurídica: houve elemento típico, um crime propriamente dito, mas resolvi ignorar apesar de todos os consequentes problemas noturnos de consciência. Talvez pela simples conveniência de não perder o ônibus e ter que esperar o próximo.
Três homens que hodiernamente exercem uma profissão ou atividade de relevante valor social. Eram coletores de lixo, comumente chamados de "lixeiros"; palavra ou substantivo que significaria, numa terminologia científica mais acurada, mais técnica: "especialista, pessoa capaz de lidar ou utilizar o lixo de forma eficiente.
Os três homens perseguiram o pobre mendigo no decubito do calçamento público por aproximadamente dez metros, até que um dos três, num chute certeiro, acompanhado do ligeiro estender dos braços, conseguiu deter o miserable numa semi imobilização. O trio começou a espancar aquele ser que a vista dos diversos olhares que passavam, que aguardavam um ônibus qualquer, ou que simplesmente transitavam sem objetivo algum, parados a frente de um bar, desperdiçando o tempo e as palavras em qualquer discussão tola. Aquela coisa cinzenta e inodora - na perspectiva do meu ponto de observação - se contorcia e urrava, intercalando um abafado pedido de socorro que se perdia em meio aos socos e pontapés, enquanto todos, incluindo este narrador, absorviam a cena que se desenrolava,atônitos com o transcorrido injusto. A brutalidade da cena estava ali; clara e evidente diante de nossos olhos. Uma covardia inebriante e contagiosa se espalhou pelo ar junto com o zunido dos automóveis.
Eu poderia ter tentado coibir a agressão; ter filmado com meu moderno celular e sua sofisticada câmera digital; poderia ter chamado a polícia, denunciado o crime e ter produzido depoimento para eventual processo, mas eu fiz a escolha mais fácil, prática e frouxa do ponto de vista moral que foi não perder meu ônibus que parara diante de mim.
Embarquei no exato momento em que a bota pesada de um dos agressores pressionava a cabeça imóvel da pobre vítima sobre o concreto do calçamento.
Sob todos os aspéctos, a vitima me parece, no exato momento em que escrevo, mais digna que eu.
Três homens que hodiernamente exercem uma profissão ou atividade de relevante valor social. Eram coletores de lixo, comumente chamados de "lixeiros"; palavra ou substantivo que significaria, numa terminologia científica mais acurada, mais técnica: "especialista, pessoa capaz de lidar ou utilizar o lixo de forma eficiente.
Os três homens perseguiram o pobre mendigo no decubito do calçamento público por aproximadamente dez metros, até que um dos três, num chute certeiro, acompanhado do ligeiro estender dos braços, conseguiu deter o miserable numa semi imobilização. O trio começou a espancar aquele ser que a vista dos diversos olhares que passavam, que aguardavam um ônibus qualquer, ou que simplesmente transitavam sem objetivo algum, parados a frente de um bar, desperdiçando o tempo e as palavras em qualquer discussão tola. Aquela coisa cinzenta e inodora - na perspectiva do meu ponto de observação - se contorcia e urrava, intercalando um abafado pedido de socorro que se perdia em meio aos socos e pontapés, enquanto todos, incluindo este narrador, absorviam a cena que se desenrolava,atônitos com o transcorrido injusto. A brutalidade da cena estava ali; clara e evidente diante de nossos olhos. Uma covardia inebriante e contagiosa se espalhou pelo ar junto com o zunido dos automóveis.
Eu poderia ter tentado coibir a agressão; ter filmado com meu moderno celular e sua sofisticada câmera digital; poderia ter chamado a polícia, denunciado o crime e ter produzido depoimento para eventual processo, mas eu fiz a escolha mais fácil, prática e frouxa do ponto de vista moral que foi não perder meu ônibus que parara diante de mim.
Embarquei no exato momento em que a bota pesada de um dos agressores pressionava a cabeça imóvel da pobre vítima sobre o concreto do calçamento.
Sob todos os aspéctos, a vitima me parece, no exato momento em que escrevo, mais digna que eu.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Saudades de VÊNUS
Diante dos meus olhos paira o negro dos teus cabelos
Na distância de um abraço e num percurso de abismo.
A impossibilidade de beijar-te trespassa meu coração
Numa tortura de horas continuadas na morna lentidão
abrangendo teu cheiro; o toque dos dedos; o feitiço dos lábios.
Me possui aquela ansiedade como se diante de ti
Eu me despisse com todos os meus sonhos a mostra;
Apenas como se pensar na tua presença me suprisse
Do desejo pulsante que desfigura toda lógica e razão.
Mas estás tão presente quanto a névoa vista e não tocada
Dispersada quando tateamos nos caminhos das cintilâncias.
Teu corpo atravessa meus conceitos de pura e ideal beleza
Atingindo a perfeição da Vênus de Milo banhada do solstício.
O teu seio palpita com a descoberta dos sabores ocultos
Como se minhas mãos foram as formas que o moldaram já.
Onde estivesses, quisera tua pele impregnada de mim
Da minha ânsia dissimulada, do meu delírio desejoso!
Na tua ausência minha saudade se distrai na vontade
De apoderar-se do futuro e te trazer ao meu instante
e possuir-te enquanto desaparecem as sombras do aqui.
Na distância de um abraço e num percurso de abismo.
A impossibilidade de beijar-te trespassa meu coração
Numa tortura de horas continuadas na morna lentidão
abrangendo teu cheiro; o toque dos dedos; o feitiço dos lábios.
Me possui aquela ansiedade como se diante de ti
Eu me despisse com todos os meus sonhos a mostra;
Apenas como se pensar na tua presença me suprisse
Do desejo pulsante que desfigura toda lógica e razão.
Mas estás tão presente quanto a névoa vista e não tocada
Dispersada quando tateamos nos caminhos das cintilâncias.
Teu corpo atravessa meus conceitos de pura e ideal beleza
Atingindo a perfeição da Vênus de Milo banhada do solstício.
O teu seio palpita com a descoberta dos sabores ocultos
Como se minhas mãos foram as formas que o moldaram já.
Onde estivesses, quisera tua pele impregnada de mim
Da minha ânsia dissimulada, do meu delírio desejoso!
Na tua ausência minha saudade se distrai na vontade
De apoderar-se do futuro e te trazer ao meu instante
e possuir-te enquanto desaparecem as sombras do aqui.
BREVE DESPEDIDA
Gostaria de ser areia da praia
A ponta de lança dos raios solares
O mormaço no vento que sopra
O cristal salgado nas ondas a crepitar
para marcar tua alma e teu corpo impregnar.
A ponta de lança dos raios solares
O mormaço no vento que sopra
O cristal salgado nas ondas a crepitar
para marcar tua alma e teu corpo impregnar.
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