para meu avô Joaquim dos Santos
A vasta memória da serra
vislumbra o homem nú, cerrado
que veste apenas um chapéu
puído-botado. Viajante seguro
vindo das entranhas acinzentadas
pelas corredeiras secadas
e seu leito de pedras lisas
imunes a escaldante esfera afogueada.
O homem para com um
olhar semiabertura e suga
vorasmente a refrescante cabaça.
Retira de seu bornar um
taco moroso e doce do que
lhe restou dessas andanças.
Passa na testa sulcada
mãos grossas e vergadas
de batalhar a terra e colher
seu fruto chamuscado e tardio.
Este é homem que não lamenta
resignado com seu destino,
É uma rocha vermalha qual
cume da velha montanha
sob a qual séca-se-a sementeira.
Volta à terra, pó que o deu
e o tomou. Pó do pó nos
pés atados a chinéla, a correia
a chibata e ao arreio.
Homem que parte e não
lamenta ter vivido solitário
todas as vidas que viveu.
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