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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

MINI BIOGRAFIA

Escrevo versos com o medo de não ser ‘um grande poeta’ Eu sei das minhas limitações. São tantas!. Pinto quadros ‘quase originais’, mas minhas telas são apenas grossos rabiscos. Não sei pintar. Eu sei que faço por amadorismo e apenas como ‘terapia’. Escrevi um ‘mini romance’ – posso chamar disso? Porquê? Pelo simples fato de não saber escrever ou não ter disciplina para conduzir um trabalho descente e mais extenso. Componho músicas simples porque não tenho habilidade ou capacidade de ‘construir’ melhores arranjos. Fiz esculturas de papel que nunca foram vendidas. Meus livros de poemas foram comprados e lidos apenas por conhecidos e amigos. Meu blog tem apenas cinco seguidores, um dos quais sou eu mesmo. Não consigo agradar a mulher que me ama nem juntar dinheiro. O que minhas filhas querem não posso dar. Gostaria de aprender alemão. Fiz um curso básico de inglês, mas não aprendi. Comecei um curso de francês e desisti em apenas um mês. Comecei espanhol e não terminei ou aprendi o suficiente. Sei apenas um pouco de tudo e não sou perito em nada. Jazz, música clássica, Rock’n’roll, literatura, poesia, direito, fotografia. Toco bateria, já tive um contra baixo que não aprendi tocar, um trompete que também não aprendi a tocar. Comecei aulas de violino e fiquei apenas um mês. Já joguei futebol e era um jogador razoável, mas por falta de incentivo e sorte não ‘tive futuro’. Jogo o básico de Basquetebol, vôlei, handebol. Já treinei boxe e perdi a única luta que tive. Corria de vez em quando e treinei em academia de musculação por três meses. Sonhava em ser piloto de avião – foi só um sonho. Gostaria de ser fuzileiro naval, mas se quer servi as forças armadas. Tenho uma profissão mal remunerada, um carro velho e pago aluguel. As vezes nem eu mesmo me entendo e não tenho com quem conversar. Perco a paciência fácil, vivo estressado atualmente e deveria cultivar mais calma. Enfim; alguém quer saber mais alguma coisa? Ah, talvez queiram saber que sou um cara 'estéticamente' feio e que frequentemente sou vítima de chacotas sobre como sou 'bonito'. Fim!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

ADEUS

Hoje me despedi de um grande amigo. Ele partiu nos meus braços – impotentes devo dizer – perto dos quais ele sempre esteve. Senti sua respiração fraca e os movimentos involuntários causados por sua doença terminal. Neste exato momento não sei se fiz bem ou mal, mas decidi por sua partida – imagino que ele teria feito o mesmo por mim. É uma verdade querida e incontestável que os cães são leais aos seus amigos humanos, sem nada exigir em troca, com diz o sábio adágio: “amigo é aquele que nos quer apesar de nada”. Para um cão – e esta também já é uma verdade conhecida – não importa se você é rico ou pobre, negro ou branco, desprendido ou um egocêntrico materialista; ele vai te amar da mesma forma. E se um cão não tem alma – como defendem alguns – e não pode amar, quem então o pode? A saudade dele ficará como uma lembrança profunda dos momentos inesquecíveis que dividimos ao longo de sua breve vida de oito anos. Os momentos em que perdi a paciência com seu latido agudo e insistente, seu esbravejar com os intrusos ‘convidados’ a passar por seu território ‘restrito’. Era alegre e esperto desde o primeiro dia em que chegou a nossa casa, grunhindo por ter se separado da mãe. Ele era um presente para minha filha – e que ironia – morreu no aniversário de dez anos dela, mas acabou sendo um presente para todos. Foi-se meu amigo e ficou o sabor amargo – para mim – de quem poderia ter feito melhor, dado mais valor, carinho e afeição. Ao menos no quantitativo em que recebi. Sempre doses exageradas de amor e companheirismo. Resta apenas esse meu gesto de palavras: adeus amigo. Adeus meu “cãozinho preto e marrom chamado Sansão”. Como é preciso terminar o que se começa – e isso se chama objetivo – descrevo uma cena do filme ‘amor além da vida’ com Robin William, quando após a morte ele se depara com um mundo maravilhoso e encontra-se com o animal de estimação da filha que também havia morrido e diz: “eu estou no céu dos cães” – e deve ser assim. Deve ser assim!

terça-feira, 29 de maio de 2012

NÃO ME BASTO DE MIM SEM TI

Que evolução do cosmo nas micro partículas místicas nos trouxe ao intricado presente? Oh nobre artesão que formou teu corpo inteiro desta carne substanciosa e fremida Ah que devorador de teus desejos ocultos me tornei no auge da febre noturna. Ora os teus olhos de retoque tão sutil de um traçado sedoso, levemente inclinados na direção do sol. Ah eles são os sóis em minhas micro galáxias devastadas e distantes O teu sorriso carente de uma estética alheia – e para mim indiferente Se reveste de uma beleza singular ao repetir-se e repetir-se. Luminosidade! O leve arqueado dos ombros suportam o peso da minha paixão excessiva, A paixão é sempre excessiva – ranhuras incuráveis na alma, marcas indeléveis. Que seio velado! Ah, apenas um vislumbre! O complemento exato para um doce coração. Gravidade! Teus braços se alongam. Tentáculos a atrair todos os meus abraços Compacta satisfação do calor, da proximidade, do hálito, fôlego profundo! A minha leitura desejosa do toque de tuas rústicas protuberâncias. O segredo De tuas ancas a precipitar-me numa extensão poderosa ao prazer que se esconde Nas curvaturas que se entrelaçam à poderosa imagem da divindade palpável e simples Fora eu essa linha tênue entre a imagem e a realidade repleta de negações! Ainda os teus olhos! Eles cantam essa música invisível, serena. A melodia É a música que me conduz de um lado a outro num turbilhão de emoções Para os vagalhões abissais desse mar que se oculta num segredo que partilhamos. És uma das sereias homéricas e eu tão distante de um lar ideal. Ah meu ideal! Já não há como fugir de ti, idéia fixa de minha obstinada e ainda lúcida mente. Sorrio quando teus olhos sorriem numa efusão repleta de flocos de neve Perfeitos flocos de neve na sua geometria idealizada pelo teu artesão. Nobre cristal! Perfeitos flocos de neve tão pura e doce como teus lábios apesar de rosáceos. Ah teu corpo mulher! Dança, dança numa coreografia moderna e proporcional. A magia com que te vejo no movimento do mundo em transitoriedade alheia. Teus lábios se compungem, distraem e contraem. Movimento obtuso e frenético Com toda a carga de tuas ansiedades misturadas ao sonho, o sonho singular. Ah se o teu sonho fora o meu sonho, o sonho de um homem pequeno e simples O sonho e a razão do poeta falido com suas esgotadas palavras. Foram tantas! Enfim me rendo à saudade, ao desespero e a desilusão de quem não foi amado Enquanto o pêndulo da vida segue, e vagarosamente, minhas luzes se apagam. Fim!

sábado, 14 de abril de 2012

NA COZINHA

Música, a vida e feita de “música” e a música da vida é a vida de todos nós. Pequenos trechos desta vida é composta do que fazemos, do que consentimos que se faça e até mesmo daquilo que nos contradiz – esta é a música que não nos agrada. É pensando um pouco nessa melodia – a que me agrada – que estou na cozinha, preparando uma refeição simples e – acho – saborosa para compartilhar. Talvez como um ritual se que perpetua, enquanto separo a matéria prima de minha arte simples: ingredientes, condimentos e panelas – alias, preciso comprar umas panelas decentes, talvez adquira um jogo de panelas retrô esmaltadas e coloridas – ouço música, daquela que compõe nossa universo de “música” essa porem tocada e cantada. Preparo uma massa comum e tradicional e nada mais justo que ouvir um italiano, o melhor dos italianos, Andrea Bocelli.
Enquanto cozinho penso em todas as coisas boas que devo misturar – no preparo e na vida, como se aquilo que estou a fazer fora um presente, o que na verdade o é; um presente para mim mesmo para aqueles que me acompanham e – principalmente – para ti, que na distancia me inspiras com teus olhos, com teu gosto, com teu pedido de que preparasse e te “trouxesse” algo de bom, com teu sorriso e com o modo que você me olha ou observa na penumbra de tua censura a mim tão cara; portanto, não te ofereço algo bom, ofereço-te algo especial enquanto escuto a “Romanza”. Deixo as coisas separadas e organizadas na bancada. A mesa limpa com uma fruteira sorridente e repleta – acabo de degustar uma Pêra –essa fruta era considerada um aperitivo dos deuses. Será por isso que o formato dela me lembra a formosura feminina? Ouço “Per amore” , lavo as mãos e conduzo os olhos através da janela – meu cachorro que outro dia estava melancólico, agora late; acho que não gosta de música italiana – ; as cebolas com suas varias camadas de desgosto me fazem chorar enquanto recoloco a primeira musica “Con te partiro”, choro pela cebola, apesar de poder chorar por tua “partiro”. As tomates estão meio pálidas mas servem como complemento ao tempero pronto – preciso aprender um molho caseiro – a saudade aperta enquanto organizo as especiarias que me permitem um sabor peculiar no que faço, apesar de sempre acabar falhando, mesmo com todo o empenho. Estou em “II Mare Calmo Della Sera” e pela terceira vez – da música – começo a organizar todos os componentes para finalmente levar ao forno. Reorganizo as coisas, tomo um gole de refrigerante – gostaria que fora um vinho – enquanto meus sentidos e minha mente pairam por algum lugar a procura de tua presença. Este meu sentimento por aquilo que me é alheio, proibido e quase impossível, me mostra como num espelho de verdades ocultas que sou um “Miserere” – esta também é música que já repeti por dez vezes. Só tenho este disco em italiano! Tudo pronto eu agradeço como por uma prece tácita. A lasanha à bolonhesa está pronta, falta o produto da vinícola e você. Levo um pedaço de mim para tua distância. Fim da música.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

PRAZERES

Cozinhava um delicioso strogonoff , ouvindo uma coletânea dos Doors – Light my Fire, enquanto meu cachorro Marllow, um spaniel preguiçoso está esparramado na porta com se fora um tapete de peles. Minha biblioteca, que acabei de pintar com um lilás fosco, aguarda; não completamente bagunçada, porém um pouco desajeitada. Lá fora, os “irmãos” realizam um desses cultos ao ar livre. Está quente e é um domingo sem final de campeonato. Mais tarde um pequeno bolo entre os amigos marcará mais um ano de vida completado por meu pai. Entre os livros e a panela, volta para incrementar o tempero da carne com um curry e constato pela quarta vez que não comprei coentro. A coletânea já está em “Raiders on the storm”. Um aroma muito bom penetra minhas narinas no mesmo instante em que uma confusão de sons entre minha música e o culto dos irmãos se junta ao caos de um domingo movimentado. Meu estômago reclama do horário avançado. Outro cachorro late ao portão simultaneamente a pergunta de minha mãe: “ já almoçaram?”. Respondo que estou cozinhando. O cachorro continua a latir até que ela se afasta. Estou quase pronto – talvez eu ouça Miles Davis enquanto saboreio um bom prato com um tinto Saint German. Termino a refeição com uma satisfação solitária. A preguiça do meu spaniel que continua deitado no limiar da porta começa a me contagiar. Com uma sonolência morosa, fito uma gravura da esfinge de Gizé na parede a minha frente. “The end” é a faixa final da coletânea. “This is the end”.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

poesia contempolivre: REQUIEM

poesia contempolivre: REQUIEM

MEU CORPO PERGUNTA

Se pudesse te impressionar com poesia
Seria ela gratuíta?
Ou de valor se revestiria?
O que teu corpo
Desnudado
me diria?

REQUIEM

Sobre teu corpo de papiro nu
Sobre a seda chinesa de tua penugem eriçada
escreverei meu último poema
com versos contados em que não caíbam mais palavras.

E com o artifício de meus dedos em tinta
Serei o artesão do verso perfeito e ditoso
A sorver o divino néctar de teus amores.

E ao alvorecer de um novo dia estarás
Pasmada na embriaguez de toda minha arte
que se esvaiu em apenas um crepúsculo,
e consumiu-se em nossos suspiros e lamúrias,
na perfeita fusão do artista e sua esgotada arte.

Depois de teu corpo inteiro consumido em versos
Não há poesia que se falar ou canção para se cantar.