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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Modigliani

"A arte é apaixonada pela vida" C.S.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

ROSA-AMO

Sorriso discreto desenhado na tela
teu rosto [distinto rosto]
Belo!
Seria esse teu sorriso uma fragilidade;
sensibilidade não confessa,
ou a melancolia de uma alma tão triste?

Teu corpo de busto coberto atende a porta
sou quem bate;
procuro uma conversa,
agradável conversa.
Falamos sobre música, um filme.
Gostaria de dizer outras frases, incólumes;
mas em sã consciência.
Falta-me a coragem!
Talvez passados uns dias
quando meu sentimento já não for um lamento velado
eu a tenha, fixada
com teus olhos tão pequenos;
com tua pele tão mediterrânea
com nossa comum propensão a sensibilidade
até mesmo depressivas.

Mas perdi essa cumplicidade. Onde a deixei?
o que tínhamos irremediavelmente
se foi. Ficou petrificada "la soledad".

Que então fui?
Um amigo?
Um poeta?
Um musicista com melodia incerta?
fui palavras, um rosto?
Temo que tenha sido nada.
Mas tu, carinho, Naíade
Foi completude perfeita.
Ficou a saudade!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

D.

Afrodite
de longe-líneas curvaturas
se compõe meu amor por ti;
mas és uma paixão do passado,
admiração incoerente.
Não haveria nem a complexidade
ou a cumplicidade.
apenas a admiração do intelecto.
Não tinha nada do que tenho
o gosto ou o silenciar;
a poesia era nossa fronteira.
Você me admirava sim
não como homem, sim
como poeta que fui.
Eu escrevia em todos os cadernos
também no teu;
e todos os corpos e almas eram meus
o teu nunca tive o gosto
nem no sonho;
naquele tempo eu não sonhava
ela não gostava do mesmo homem.
Você amava MVB e Jorge A.
E dizia que eu era mais profundo
mas não como homem;
somente como poeta.
Era ela, a Vênus de Milo
enquanto eu lia Aristóteles e Erasmo.

SA.

Inquietude que me inquieta
motivo
de quantas noites insônes?
não me lembro-lembro apenas
das tuas insistências
do teu ciúme exagerado
do teu corpo parado no portão.
E apaixonei-me;
pelo teu modo despojado de ser
a tua inteligência
o prazer de comer batatas fritas
com tuas mãos graves
teu mexer de pernas incongruentes.
Ainda lembro que te amei
e deixei-te ainda te amando.
Você foi uma flor branca do vale
ainda me lembro, da tua impaciência
mas que tu acreditavas em mim
e que temias por meu futuro;
recordo tua fé inabalável na capacidade minha
e de como tudo poderia dar certo
de tão perto
era impossível não te querer
Açucena desconfiada era você.

M.

Ainda tenho aquele coração disparado
ao notar tua silhueta na passagem subterrânea.
Ainda tenho o gosto pela música
e aquela paixão não declarada de quando você se foi.
Ainda guardo meu senso de ridículo
do medo sentido por não declarar meu amor.
Ainda guardo no paladar os bombons repartidos
e teus lábios a se mover lentamente falando de música.
Ainda tenho a lembrança esperançosa de te ver aos sábados
com teu sorriso discreto e os cabelos lisos e negros em tua face arredondada.

A.

Amor de minha tenra infância
saudade da minha inocência
os cabelos em cachos de uva
pendiam sobre teu sorriso.

Amor de infância, criança eu era
sem infâmia mas com decepção
teus cabelos se foram, cortados
e partiram meu pequeno coração.

Amor da minha tenra infância
saudades da pequenina adriátic.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

RELIGION

Distância sem palavras faladas
Apenas as frases no papel, caladas
E a minha saudade desesperada
Por teus lábios. Ah teus lábios!

Minha mente viaja mil léguas
Estrada cerceada pelo verde da cana
Em minhas entranhas o temor
De te esquecer. Ah te esquecer!

Não tenho presentes porque estou pobre
Desajeitado, nem o quarto arrumo mais
Cansado da procura por justo motivo
Pra não mais te ver. Ah não te ver!

Teu desenho perfeito permanece como
O mais belo corpo que já desejei
E olho para as mãos com as quais
Leve te toquei. Ah te toquei!

Durante um tempo esqueci o que fui
A vida já passou seu tempo sem volta
Mas talvez tudo fosse perfeito se eu
Quisesse. Ah se eu quisesse!

Prevaleceu minha estupidez, resignação
Meu coração envenenado, sem remédio
E as mentiras que me traíram como
Verdades. Ah foram mentiras!

Hoje relembro teu nome, teus olhos
Teu corpo distante, desmedido, longe
Sim longe. Ah Sol-longe!

terça-feira, 7 de julho de 2009

TRAGÉDIA

Eu carrego a tragédia de ser um homem
só, andando pela cidade nua do sol.
Eu carrego as perguntas pra perguntar
a mim mesmo, o que fazer se já não há
tempo bom que faça passar a tempestade
de areia sobre o olhar imobilizado
das garotas da esquina da rua 23.
Os guardas parados olhando de lado
e os ajudantes recolhendo os camelôs
preço assecível, mercadoria de ponta
clonada e transportada através das classes
sociais, as cadeiras balançam e os velhos
transitam ao redor de outros sentados
em volta de uma mesa circular estão
sem ouvidos e sem dentes pra poder
sonhar já não esperam mais sonhar mais
que alguém para se refletir o sorriso falso
debaixo do bigode esbranquiçado como
o céu e o tempo que traz sua tragédia
Shakespeariana rotina de vinganças e
degradação sombria compondo as centenas
de perguntas que carrego para fazer a mim mesmo.

DEVIL

Um diabo está na sombra
esperando por você.

Maldito espectro
promessa de futuro.

Ilusão de passado
infância perdida
infâmia adquirida.

Um diabo está na sombra
esperando por você.

Arrumando a gravata
esvaziando a garrafa
de Vodka gelada
na frente da TV.

Um diabo está na sombra
esperando por você agora.

"Ser ou não ser"
correr ou parar
viver ou morrer
pedir ou doar.

Decida-se
pois O Diabo está na sombra
agora, esperando por você.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

AGRACIADA

Ela é
sexy moderna descolada
desabroxando
explosão atômica.

Descompondo
todas as moléculas
da minha sensatez
ela é.

A descoberta da poesia
em movimento
no gingado-redemoinho
passando ela.

Por entre as palmas
boquiabertas
desperta ela
os instintos.

Recondido N'ela
vejo as estrelas
rodopiando num céu
de lâmpadas.

Ela
é moderno amor
Amar amanhã.

POENTE

Depois do azul anil do céu profundo
onde se encerram as estradas distantes
por entre os canaviais;
encontra-se o fim do arco íris
terra das fadas e duendes,
o pote de ouro e suas delícias poéticas
com um sorriso discreto e pequeno
como se não querer sorrir por vergonha
justificasse ocultar a perfeita beleza.

Onde o sol se poe se poe a nascer
eternizando no verso de natureza profunda
a moreninha dos olhos puxados
senhora dos corações alheios
e do ciúmes que destoa em chamas silentes.

Depois do azul celeste por entre
as estradas distantes dos canaviais
vive o Sol que se poe e renasce
com seu sorriso pequeno e discreto.